sábado, 12 de julho de 2014

Uma odisseia

Quando fui à Festa da Lanterna na Escola Waldorf Francisco de Assis, em São Paulo, visitei a sala de aula do 7o. ano e as primeiras palavras que me vieram foram: "Eu quero voltar para a sétima série!". As cores, as ilustrações, o aroma, a beleza em cada detalhe... me vi ali, uma garota de 13 anos, ansiosa para aprender tudo que aquela sala oferecia.
Ontem, relembrando isso e pensando a respeito, me dei conta de que quando você se torna professor, você volta a ser aluno. Assim tem sido comigo:

  •      percebo que agora desenho muito mais tranquilamente formas geométricas à mão livre e que estranho a presença da régua;  
  •      percebo o quanto as histórias que conto tem me nutrido e curado;
  •      o deleite de uma aula principal bem dada, puro alimento;
  •      e o ápice foi voltar a pular amarelinha aos 37 anos!

Estou lendo "School as a Journey: the Eight-year Odyssey of a Waldorf Teacher and his Class", do Professor Torin M. Finser, à venda na Livraria Cultura. É um relato apaixonante dos 8 anos em que Torin atuou como professor de classe, acompanhando, pela primeira vez, uma turma desde o primeiro ano. E na leitura de ontem me deparei com o seguinte trecho:
"Para me tornar um novo professor no segundo ano, eu tive que me tornar um aluno do segundo ano novamente. Pintei as mesmas aquarelas, fiz o papel de lobo ou cordeiro em nossa peça, desfrutei das mesmas canções. E vivenciar as imagens de santos e lendas me ofereceu algo pelo qual lutar e de novo eu achei que só depois de contar as histórias é que eu comecei a entender o significado das palavras que eu dizia. A prática artística estava demandando exaustivamente de mim, mas ao mesmo tempo, era extremamente renovadora. Depois de uma boa aula principal, eu sempre notava uma mudança em minha respiração: era de alguma forma mais profunda, mais saudável."
É exatamente o que acontece comigo!!!
E por isso acredito tanto na Pedagogia Waldorf!  Vejo a transformação acontecendo em meus alunos e em mim e quando se vivencia isso, não resta dúvida, mesmo diante de tantas questões que ainda não consigo responder. Mesmo que me falte ainda um bom caminho de entendimento, que tento construir através da leitura, do estudo da Antroposofia e da Pedagogia, o que sinto como mais importante é que a vivência fortalece essa caminhar, o fazer e o sentir suportam o entendimento.

Como bem coloca o professor Torin, uma verdadeira odisseia!


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